Devido
às ações antrópicas, os ambientes estão cada vez mais fragmentados e, além
disso, sem conectividade entre essas áreas, as quais se denominam manchas. Com
a fragmentação dos habitats naturais se diminui a taxa de crescimento
populacional, comprimento e diversidade da cadeia trófica.
MacArthur
& Wilson (1963, 1967) explicaram esse acontecimento relacionando-o a Teoria
da Biogeografia de Ilhas, onde acreditavam que em uma ilha com maior extensão, as taxas de
extinções e imigrações se igualariam, mas em ilhas pequenas (justamente o caso
das fragmentações) a probabilidade de extinção das espécies se tornaria maior.
Posteriormente,
Hanski & Simberloff (1997) criaram a Teoria da Metapopulação, acreditando
que os indivíduos poderiam se deslocar para outra matriz e colonizá-la, dando sucessão
à população local. No caso de áreas fragmentadas, os indivíduos
que se deslocam não conseguem estabelecer populações. Isso provavelmente ocorre
devido à falta de recursos e, principalmente, por habitats perturbados pela ação
humana.
Mas, porque a fragmentação de “áreas verdes” pode levar várias espécies à extinção? Algumas
espécies (grandes mamíferos, por exemplo) precisam de vastas áreas para
sobreviver; com a fragmentação essas espécies seriam as primeiras a serem
extintas (Soulé 1991) por não possuírem recursos suficientes.
Podemos
exemplificar o estudo feito por Kageyama & Gandara, (1993); Hilty et al., (2006)
que analisando a Hevea brasiliensis (seringueira),
descobriram que sua densidade por
hectare (ha) é baixíssima necessitando de 25.000 ha para desenvolvimento de uma
população que contenha necessariamente 500 indivíduos, o que evita que aconteça a
depressão endogâmica. Segundo Hanski & Gilpin, (1991) essa mesma
espécie precisaria de pelo menos cinco populações para manter a variabilidade genética.
A
riqueza de espécies pode também interferir na diversidade, suponhamos que se
uma espécie for extinta e essa espécie seja uma especialista de determinada
planta e sua principal responsável por polinização, na ausência dessa interação
haverá uma dificuldade na manutenção da planta e a tendência é que ocorra a
extinção.
A
variação em tamanho e forma e a perturbação permanente de locais utilizados
como habitats interferem no desenvolvimento do ecossistema. Em áreas onde a perturbação
era pequena, Csuti (1963, 1967) pôde observar que os animais se desviavam das “ilhas
de perturbações”. O livre acesso dos animais a demais áreas é imprescindível para
a conservação da espécie, fazendo que ocorra o intercâmbio entre populações
mantendo fluxo gênico.
Para
tentar solucionar esses problemas, que só vem aumentando com a ascensão do
capitalismo (agricultura e habitação, por exemplo) o homem tenta até os dias
atuais a translocação artificial, que é limitada e em pequena fração, devido às
dificuldades de transporte, adaptação e entre outras medidas, sendo que algumas
tentativas deram erro e dizimaram populações (exemplo: introdução de Boiga irregularis na Ilha de Gam).
Muitas
espécies já estão em níveis vulneráveis, em perigo e críticos, o que desafia o
homem a descrever arquiteturas genéticas populacionais e identificar e ordenar
forças evolucionárias como: migração ou fluxo gênico, deriva genética aleatória,
seleção natural, divergência mutacional e oportunidades de recombinações genéticas.
Surge
então a ideia de corredores ecológicos que apoiados por muitos e criticados por
outros, possui como definição da Lei Federal brasileira de nº 9.985/2000 que
estabelece áreas de preservação: “porções de ecossistema naturais ou
seminaturais, ligando unidades de conservação, que possibilitam entre elas o
fluxo de genes e o movimento da biota, facilitando a dispersão de espécies e a recolonização de áreas degradadas, bem como a manutenção de populações que
demandam para sua sobrevivência, áreas com extensão maior do que aquela das
unidades individuais.”
Os
corredores teriam distinção fisionômica em relação à matriz facilitando o
movimento dos organismos com conectividade estrutural, que seria o espaço físico
do ambiente e a conectividade funcional que analisaria se realmente a área de
preservação com o uso de cercas-vivas ou reinterligação, por exemplo, seriam úteis
ou não.
A
implantação dos corredores gera muitas polêmicas entre os ecologistas e também o
governo. Entre os especialistas contrários, porque defendem que em pequenos
locais de implantação possa ocorrer o efeito de borda; pela facilitação das espécies
invasoras; pelos impactos genéticos; transmissão de doenças e em alguns casos
devido a não ser utilizado por alguns animais, justamente por ser mais fácil o
encontro com predadores maiores nesses corredores. Já quanto ao governo há certa
rejeição devido aos impactos econômicos provocados na implantação dessas áreas
de preservação.
De
maneira geral os estudos demonstram a urgência em se estabelecer medidas de
proteção aos remanescentes florestais, novos estudos sobre a eficiência dos
corredores ecológicos e/ou outros meios e que o intercâmbio entre populações é necessário
para manter variabilidade genética e consequentemente a recolonização de habitas
acontecerá, evitando a extinção local e regional.
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